Percorrendo algumas das artérias principais e secundárias do concelho de Tomar, decerto não deixará de reparar nas fontes onde a água cristalina ainda cai dia e noite, como uma sinfonia sem fim.
A importância da água para o Homem é uma evidência que não necessita de demonstração. A sua necessidade verifica-se desde logo no modo como a cidade surge e cresce ao longo da História. A maioria das primeiras cidades terá surgido perto de rios, para que fosse possível o fornecimento de água para beber e para a irrigação dos campos de cultivo e do gado.
A água é de facto um bem vital para a cidade: para além do seu consumo, é utilizada também para a sua defesa, para o seu saneamento, e para diversas manufacturas, tanto pela sua força motriz, como constituinte de distintas produções e fabricos desde os tempos mais remotos. A rede hidrográfica de uma cidade é pois um bem que obriga a uma cuidada gestão [Guillerme, 1983] pelo que, também por esta razão, a água vai moldar o crescimento e evolução da cidade. Assim teremos, naturalmente, desde Vitrúvio [Vitrúvio, 2006], o tema da água cuidadosamente abordado em vários tratados de arquitectura e urbanismo.
A organização do aglomerado vai também, por sua vez, ser condicionada pela própria acessibilidade à água, pelo seu escoamento e distribuição. Os pontos de acesso à água, como as nascentes ou os poços, sendo pontos fundamentais da cidade, geram praças e largos, espaços não edificados que estão entre os de maiores dimensões dentro da cidade, necessários para facilitar o seu acesso e possibilitarem a permanência dos grupos de utilizadores. São espaços e equipamentos cuja importância será confirmada pela monumentalização a que tanto o equipamento em si como toda a praça frequentemente são sujeitos, preservando e garantindo o seu protagonismo da cidade.
É a importância atribuída aos pontos de acesso à água que faz surgir os denominados chafarizes. A sua génese é o abastecimento de água à cidade, disponibilizando-a no seu espaço público, mas a sua componente ornamental é também uma importante função.
Trata-se, com efeito, de equipamentos com presença marcante no seu local de inserção.
Os lavadouros/fontanários públicos são infra-estruturas existentes em muitas das nossas aldeias, construídas pelas câmaras municipais, sobretudo nos anos 50 e 60. Eram infra-estruturas que vieram dar resposta a necessidades básicas das populações, como o acesso ao abastecimento de água bem como a locais adequados à lavagem das roupas.
Numa época em que poucas aldeias tinham rede eléctrica, os poços eram raros e os que existiam eram destinados essencialmente a rega, com extracção de água a ser feita pelos tradicionais engenhos, movidos a força animal ou, mais tarde, por motores a petróleo, caros e nem sempre eficientes, os fontanários tiverem um papel importante no quotidiano das populações locais.
Por conseguinte, para abastecimento de água para as necessidades do dia-a-dia, existiam sobretudo as nascentes naturais e minas, nas encostas dos montes, mas implicavam deslocações para o seu transporte, sendo uma tarefa tão necessária quanto dura e difícil.
Com os fontanários, distribuídos por vários locais de cada aldeia, tornou-se mais fácil e cómodo aceder a este recurso no que foi uma substancial melhoria das condições do povo.
O concelho de Tomar também teve o seu período áureo destes equipamentos, quase sempre incorporando as componentes de fontanário e lavadouro.
Imagens: Revista Ilustração Portugueza
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