quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Fonte Velha do Poço Redondo

Sessenta e três anos após a sua edificação e depois das obras de beneficiação de que foi objecto ao longo dos anos, foi inaugurada a 2 de Setembro de 2007, a reconstrução da chamada Fonte Velha do Poço Redondo, com a presença dos Presidentes e demais membros dos executivos das Juntas de Freguesia de Junceira e Olalhas, representantes de várias Associações de ambas as freguesias, cerca de uma centena de sócios da Associação e alguns órgãos de comunicação social.


Construída numa época de má memória para a humanidade, por ter ocorrido num dos momentos mais negros do Século XX como foi a II Guerra Mundial, ali saciaram a sede aqueles que por imposição do regime político da época se deslocaram à loja do “estalagem” com a caderneta do racionamento na esperança de aí conseguirem o pouco que lhes era possível para garantir o sustento das famílias ou para comprarem, a fiado, o cotim para os fundilhos ou chapeiros nas calças dos homens e a sarja para as batas domingueiras das mulheres.

Testemunha silenciosa desses tempos difíceis, das suas entranhas jorrou a água que refrescou os pés descalços das crianças, envoltos na terra solta dos caminhos e rasgados pelos espinhos das estrumeiras, que juncavam as Ruas do Poço Redondo.

Também ali se comentaram as novidades da terra; se aprovaram e desaprovaram namoricos e se falou de uns de outros, como se a vida de cada um a todos dissesse respeito.

Ponto de encontro da juventude dos anos de cinquenta e sessenta, onde aos domingos à tarde os rapazes apresentaram as novíssimas camisas tv, com esticadores no colarinho e as raparigas bonitos vestidos de chita e casacos de malha tecidos aos serões, à lareira, enquanto a ceia se fazia, ali se “arranjaram” compadres e comadres por força do jogo da linha; se jogou à canastra e ao lenço; se trocaram olhares envergonhados, discretos e maliciosos; se arranjaram namoricos e se combinaram encontros.


Por tudo isso, a reconstrução da Fonte Velha além de procurar preservar um bem colectivo, constitui uma justa homenagem a todos aqueles que dela dependeram para terem a água necessária ao uso doméstico e os que ali viveram alguns dos momentos mais inesquecíveis da sua juventude.
In: http://blogs.amcpocoredondo.pt/opoco/index.php?cat=16

Algumas imagens da re-inauguração em 2007 enviadas por Marino Gomes, a quem o "Cidade de Tomar" agradece.




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