quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Festa dos Tabuleiros – A tradição ainda é o que era?

Recentemente A Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema, tutelada pela Secretaria de Estado da Cultura, que tem por missão a salvaguarda e a divulgação do património cinematográfico divulgou um pequeno filme realizado por Artur Costa de Macedo e produzido pela Companhia Cinematográfica de Portugal sobre a Festa dos Tabuleiros de 1929.
Neste breve documentário constata-se que a tradição tem sofrido algumas alterações ao longo dos últimos anos, embora uma boa parte se mantenha.

Recuando ainda mais alguns anos, ainda no Século XIX, a Revista Ilustrada de Portugal e do Estrangeiro “ O Occidente” na sua edição nº307 de 1 de Julho de 1887, publicou um artigo referente à nossa festa abordando precisamente a tradição da Festa dos Tabuleiros na época.

O artigo começa pelo desconhecimento da origem desta festividade profano-religiosa, afirmando que se trata de facto de muita originalidade, sendo uma das mais populares do país. Diz ainda que a possibilidade da existência vem dos tempos medievais, sendo celebrada anualmente, tornando-se para os tomarenses s sua festa mais simpática e predilecta.

Segundo a tradição dos preliminares da festa não difere muito da actual.
Naquela época, todos os anos após o término da Festa, era nomeada uma comissão para a realização do ano seguinte. Chegado o Domingo de Páscoa, sai esta comissão, com a bandeira do Espírito Santo e três coroas de prata levadas cada uma por um mordomo atrás de uma filarmónica, percorrendo as ruas principais da cidade indo por fim assistir à missa numa das igrejas de Tomar.
O mesmo se pratica nos domingos imediatos até ao dia da festa, onde à tarde vai a comissão de porta em porta acompanhada de música realizar um peditório, que é raro um tomarense não contribuir.

No dia da grande festa, o chamado cortejo principal, a ordem da procissão é a seguinte: À frente a música, sucedendo-lhe logo a bandeira e coroas, em seguida as raparigas com o tabuleiro à cabeça ladeada de seu par e no final, dois carros de forma elegante e conduzido cada um por uma criança vestida de anjo.
O cortejo depois de percorrer as ruas principais da cidade dirige-se á Igreja Matriz, onde o pão é benzido, seguindo depois para uma casa armada em capela onde se guardam os tabuleiros. No dia seguinte é distribuído ao som de música e foguetes pelas pessoas que participaram na Festa, pelos pobres e pelos presos o pão e a carne de sete bois abatidos expressamente para aquele fim.

A comparar pela actual festa constata-se algumas modificações, onde sublinho que a principal está relacionada com uma espécie de “passeio das vaidades” pelas ruas da cidade. Não é geral felizmente, pois ainda se vê muitos tomarenses com amor e orgulho a esta grande festa de Tomar. Outras modificações estão relacionadas com o progresso natural, outras ainda vieram trazer mais cor e brilho à cidade.

Publicado no jornal "Cidade de Tomar" edição nº 3989 de 18 de Novembro de 2011

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