quinta-feira, 2 de setembro de 2010

A Cidade de Tomar

"Nas margens do Nabão, encantador rio de poéticas margens, rivais das do Mondego, cujos sinceirais nos convidam com as suas sombras e frescura ao devaneio e à poesia, encontra-se a cidade de Tomar, na Província da Estremadura, distrito de Santarém.
Pela sua formosura, pela sua importância, pelos seus monumentos, pela sua indústria, pelo seu comércio, pela sua agricultura e pela sua situação privilegiada, Tomar é uma visita obrigatória para os turistas, constituindo uma das nossas primeiras zonas de turismo nos itinerários daqueles que pretendem visitar as belezas, a história e a arte do nosso belo Portugal.
Na sua parte monumental representa Tomar um verdadeiro repositório da arte do antanho, talvez a mais rica em arquitectura e arqueologia, constituindo um dos vértices do triângulo Batalha, Alcobaça, Tomar, cujas pedras gritam eternamente ao Mundo o poderio, o esplendor, do tempo das nossas conquistas.
Sobranceiro à cidade, no cimo do monte poente, qual sentinela vigilante que não deseja abandonar o seu posto nestes tempos de paz e de progresso, o velho Castelo de Gualdim Pais olha a cidade que se estende as seus pés, na labuta diária duma povoação que vive para o trabalho.
Edificado por D. Gualdim Pais em 1160, é bem formoso nas suas linhas fortes, mas elegantes, com a sua torre de menagem sobrelevando os campos circundantes.
Dentro do seus seus muros, a Igreja, preciosa jóia, em forma poligonal, tendo no centro a célebre e inigualável charola, riquíssima e original, com os seus rendilhados, as suas figuras, as suas colunas e os seus arcos bisantinos.
Depois o Convento de Cristo, de era posterior, todo ele um compêndio de arte e sumptuosidade dos nossos antepassados, cuja completa descrição é de todo impossível nos limites deste artigo. São os claustros dos Filipes ou de D. João III, o de Cemiteric, o Cruseiro, e a mundialmente conhecida Janela da Casa do Capítulo, verdaeiro mimo de arte e de beleza, no mais puro manuelino, onde na rija pedra encontramos gravada toda uma epopeia das épocas dos nossos descobrimentos e aventuras marítimas.
Ainda na parte monumental são dignos de menção:
A Capela de Nossa Senhora da Conceição em pura renascença; a interessante e alva capelinha de Nossa Senhora da Piedade, de especial devoção dos tomarenses religiosos; A Igreja Santa Maria dos Olivais, na margem esquerda, com o túmulo de D. Gualdim Pais; a Capela de Santa Iria, a vítima mártir do feroz Britaldo; A Igreja de São Francisco e da Misericórdia; O edifício dos Paços do Concelho; a Sinagoga e finalmente, no coração da cidade, em plena Praça da República, a Igreja São João Baptista, com o seu púlpito, a sua capela-mor e os seus quadros. Junto à cidade, a capela de São Lourenço e Padrão anexo, comemorativos da junção das tropas do Condestável com as do Mestre de Aviz, de onde partiram para essa jornada épica, grandiosa e sublime Batalha de Aljubarrota."

In: Boletim da Liga dos Bombeiros Portugueses, Maio de 1932 (ano da criação do Corpo de Salvação Pública de Thomar)

Agradecimento:
A José Henriques Poseiro da Liga dos Amigos dos Bombeiros de Tomar


Jardim da Várzea Pequena - 1932

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