quarta-feira, 14 de março de 2012

Cidades de Portugal - Tomar 1920 (III)

"(...)
Infelizmente a decadência da Ordem de Cristo nos últimos tempos, as invasões dos franceses e as degradações dos portugueses, principalmente, depois de 1834, vieram desmantelar aquele original conjunto de arte românica e do início do renascimento.
Todos os quadros móveis vieram a desaparecer e dos fixos apenas ali existem 4, belas obras do nosso florescentíssimo século XVI que estão ainda imperfeitamente estudados para que possa determinar o autor. Agora, pelos estudos promovidos pela "União dos Amigos dos Mestres da Ordem de Cristo" e com boa vontade das estações superiores, foram encontrados mais três desses quadros e restos de outros 4, sendo estes últimos bem como duas das 7 estátuas dos projectos, que faltam, levados para Tomar a fim de serem repostos nos seus respectivos lugares.
Vê-se que por ali passou a mão sacrilega do homem, que sabe destruir aquilo que não pode subtrair. Talvez fosse, por se achar tão alto, que escapou um famoso tubo do órgão, única peça que deste resta, talvez única do seu género. É de madeira e tem 32 pés, ou sejam uns 10,5m e uns 0,80 de diâmetro!
Nesta parte da igreja se acham as sepulturas de D. Lopo Dias de Sousa e de D. António de Lisboa.
Fazendo contraste com o brilhantismo das pinturas e dos dourados da "Charola" está o coro da igreja à esquerda da entrada.
Absolutamente nua do cadeiral de Olivier de Gaud e de Munoz e dos órgãos hoje apenas nos apresenta, para enlevo dos olhos, o belo tecto manuelino, que se ergue sobre esplêndidas misulas. Quatro grandes janelas dão luz a esta parte da igreja duplamente com seu espelho na face poente.
Da "Charola" passa-se ao Claustro do Cemitério construído por D. Henrique, o Navegador, no mais estilo gótico, assim como o que está ao pé, o da Lavagem.
Sobre o Claustro do Cemitério abrem-se a capela dos Portocarreiros e a Sacristia, bela peça de construção filipina, hoje vandalicamente destruída de toda a sua ornamentação e mobiliário.
Daí, passando pelo coro da igreja, entramos no claustro clássico da mais pura arte, mandado levantar por D. João III no local de outro feito por João de Castilho. O actual, apesar de muito danificado devido à má qualidade do material e à maldade humana, é talvez a obra prima de Diogo de Torralva. Do pavimento superior deste claustro, passa-se para o baixo coro, hoje impropriamente denominado casa do capítulo, por uma primorosa janela da fachada sul, transformada em porta, e cujo belo peitoral foi agora posto a descoberto.
Do pavimento inferior passa-se para o refeitório e para o claustro de Santa Bárbara. (...)"


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