segunda-feira, 19 de março de 2012

Paisagens de Tomar - 1921 (II)

Banhados os seus terrenos por um rio que apesar do seu curto percurso, apresenta em todas as estações do ano notável caudal, não tem inveja, ainda no rigor da acção, às mais verdejantes do Minho.
Do Prado à Marianaia, os rodos levantam dia e noite a água que vai fertilizar os hortos marginais. Do Prado ao Agroal e de Marianaia à Foz, a paisagem, embora de outro género, não é menos soberba.
Da beleza dos assuntos falam bem as fotografias que apresentamos. A transparência das águas, a variedade infinita dos verdes ou vegetação, a cromática sempre variada dos poentes, nem sequer tentarei descrevê-los.
Mas não é só nas margens do Nabão que a paisagem é merecedora da atenção dos artistas. Contemple-se com o por do sol junto à vetusta Igreja de Santa Maria do Olival, quando os rodos arrastam a sua interminável melopea.; faça-se o passeio dos Pegões Altos; admirem-se os mágicos efeitos das heras e trepadeiras coleando nos brincados ornatos da casa do Capítulo incompleta; e termine-se por admirar a soberba vista, da janela do Castelo, da várzea que se estende da Granja a S. Lourenço. Afiançamos aos nossos leitores, que sejam artistas, quer simples turistas, que conservarão de tantas belezas naturais, aliadas a tantos primores artísticos, à mais perdurável e grata recordação."
Por Garcez Teixeira in Ilustração Portugueza 1921


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