sexta-feira, 8 de agosto de 2008

REGIMENTO DE INFANTARIA Nº 15 (4)

Portugal é de novo invadido e durante a guerra que então se seguiu e ficou na história com o nome de Guerra Peninsular, o Regimento de Infantaria N.º 15 entrou em diversas batalhas e acções em que algumas merecem maior relevo:

1.ª - O assalto à Praça de Badajoz, considerado um dos feitos de armas mais notável da Guerra Peninsular e em que o Regimento de Infantaria N.º 15 foi a primeira força a entrar no recinto fortificado, sob o comando do Coronel Luís do Rego Barreto, cognominado, pelo Marechal Beresford, de «O Bravo».
Foi maravilhoso o heroísmo das tropas anglo-portuguesas que neste assalto perderam, entre mortos e feridos, 4000 homens.
Wellington e Beresford louvaram altamente o valor das tropas portuguesa nesta ocasião, o Parlamento Inglês voltou-lhes agradecimentos solenes da mesma forma que às tropas britânicas, e o Príncipe Regente, depois Rei D. João VI, enviou do Rio de Janeiro a Beresford uma carta na qual dizia:
»...Não posso de deixar de congratular-me convosco pelo brilhante lustre que novamente adquiriram as minhas tropas nesta gloriosa acção. O seu valor, a disciplina e firmeza que tanto as distingue e que mereceram o vosso louvor, formam ao mesmo tempo o elogio do digno general que as organizou e habituou a ganharem os louros de que se têm coberto. Eu vos dou, pois, os devidos parabéns e por esta ocasião vos renovo os meus agradecimentos e vos encarrego igualmente de agradecer em meu nome aos oficiais generais, oficiais e soldados do meu Exército, a mui digna e distinta conduta que tiveram nesta arriscada e brilhante entrega, assegurando-lhes ao mesmo tempo a minha especial e particular atenção que terei em recompensar tão assinalados serviços...»

2.ª - A Batalha de Vitória que, sendo das mais renhidas, teve para os franceses as mais terríveis consequências militares e políticas, obrigando-os a abandonarem definitivamente o território da Península.
A sua derrota foi formidável, conquanto a perda em homens não tivesse sido proporcional à perda de artilharia.
Perderam os franceses toda a sua artilharia e toda as suas bagagens, incluindo as do Rei José que teve de abandonar a sua carruagem e montar a cavalo para mais depressa fugir.
As tropas portuguesas distinguiram-se extraordinariamente nesta batalha e tanto que Beresford, entusiasmado, pediu ao Príncipe Regente uma distinção especial para alguns dos Regimentos.
A Ordem do Dia em que se relata o procedimento das tropas portuguesas nesta batalha diz:
»... O Sr. Marechal dá os seus agradecimentos ao Sr. Brigadeiro Frederico Spry e aos oficiais, oficiais inferiores e soldados do seu comando, composto dos Regimentos de Infantaria N.º 3 e 15, pela sua conduta e firmeza...»

3.ª - A tomada da Praça de S. Sebastião, uma das mais sanguinolentas acções desta guerra.
Forças importantes francesas tinham-se fortificado nesta praça e não havia meio de as desalojar. Formaram-se várias colunas de assalto, mas todas foram repelidas com perdas importantes. Três vezes se repetiu a tentativa e três vezes se malogrou. Então Luís de Rego Barreto, nessa ocasião já general e comandante da 3.ª Brigada Portuguesa, de que o Regimento de Infantaria N.º 15 fazia parte, apeia-se do cavalo, toma a Bandeira do 15 nas suas mãos e, no meio da metralha que espalhava a morte com prodigalidade, clama para o seu antigo Regimento: « Soldados! Pertence agora ao vosso comandante morrer nesta praça» e correndo, com denodo sobre a brecha, leva os soldados atrás de si, os quais, electrizados por tanta ousadia se tornaram invencíveis.
Por esta acção em que o Regimento de Infantaria N.º 15 teve 104 mortos e 85 feridos, foi o mesmo novamente elogiado em Ordem do Dia e foram-lhe concedidas algumas promoções por distinção.
Luís do Rego Barreto obteve como prémio do seu intrépido esforço o Governo desta Praça.
Em comemoração destes feitos, a Bandeira do Regimento de Infantaria N.º 15 tem hoje bordadas a letras de oiro as palavras e datas:
BADAJOZ - 1812
VITÓRIA - 1813
S. SEBASTIÃO - 1813
Estes dizeres atestam o valor da unidade nessa luta homérica e encarniçada em que durante anos se empenhou contra o invasor, que não só repeliu do nosso país mas ainda perseguiu tenazmente além fronteiras e bateu dentro do seu próprio lar: a França.

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