Carta enviada à Presidência da Câmara Municipal de Tomar e alguns órgãos de comunicação regional, onde somente o jornal "Cidade de Tomar" na sua edição Nº 3999 de 27 Janeiro 2012 publicou.
"Exmos. Senhores
Sou autóctone de Tomar, designadamente na freguesia de Santa Maria dos Olivais.
Até 2007 nunca fui uma pessoa muito dedicada aos interesses do concelho nem à política. Vivia como muitos tomarenses ainda hoje vivem, numa espécie de “mundo à parte”, talvez por duas razões, primeira pelo descrédito que a maioria dos políticos transmitem e segundo porque são vossas excelências que estão no poder, então que sejam vossas excelências a trabalhar em prol do município. Estava errado, pois cabe a todos nós, munícipes, lutar pelos interesses comuns do nosso concelho. Actualmente acompanho o dia-a-dia de Tomar, mantenho-me informado e tento participar activamente, bem como ainda tento incentivar à participação de outros tomarenses para bem de todos nós.
Começo por questionar o Sr. Presidente actual qual a razão de Tomar não estar bem. Será por uma deficiente estratégia de gestão ao longo dos últimos anos? Certamente concordará comigo acenando com a cabeça. Mas se concorda comigo porquê continuar a gerir de forma deficiente?
Tomar foi a primeira cidade a sê-la no distrito, esteve sempre na vanguarda em todas as vertentes no distrito até há cerca de duas décadas atrás, porque parámos? Aliás, estamos é cada vez mais a caminhar a passos largos para a cauda do distrito! Será que por exemplo, as autoestradas influenciaram o desenvolvimento de outros concelhos no distrito? Sim, influenciaram, mas também porque os seus governantes souberam aproveitar esse potencial, dinamizando e renovando as suas estratégias. Tomar nesta época de reestruturação parou não sabendo acompanhar de forma correcta estes progressos actualmente naturais. Ora se o potencial de concelhos vizinhos era a autoestrada, Tomar tinha de recorrer a outros, os seus. O Sr. Presidente sabe melhor que eu que Tomar tem um potencial enorme, como sabe também que nenhum deles é aproveitado e rentabilizado devidamente. Se o Sr. Presidente sabe disto tudo porque não fazer algo para aproveitar todo o “nosso” potencial?
Tomar em vez de criar, expandir, melhorar, tem vindo a morrer, a ser destruído. Senão veja Sr. Presidente, destruíram o Estádio Municipal, o Parque de Campismo, o Convento de Santa Iria, o mercado, empresas e muito mais, entre elas, não conseguem ou não querem encontrar uma solução para as pessoas que vivem no Flecheiro. Faço questão de aqui referir empresas, porque foram vós, governantes, que não souberam gerir estrategicamente ao longo dos anos uma forma de inverter esta situação, onde inclusive, colocaram barreiras intransponíveis para sede de novas empresas. De referir ainda que está em causa o Hospital Nª Senhora da Graça, o Ramal de Tomar, o Instituto Politécnico de Tomar, entre outras.
Exmos. Srs., afirmam que Tomar é um concelho que aposta fortemente na área do Turismo. Na minha opinião, que sou um leigo e sempre o serei nesta matéria, existem pequenas coisas que ajudariam imenso a fazer prevalecer o que afirmam. Dou exemplos da criação de uma página na Internet numa plataforma gratuita, como por exemplo do Facebook, que tem milhares de usuários em todo o mundo e que seria uma mais-valia quer para a Câmara de Tomar, que para o concelho em termos de promoção e até de credibilidade. Provavelmente dir-me-á o Sr. Presidente que não existem verbas para tal, mas como referi, a plataforma seria gratuita e recorrendo a voluntários ou estagiários não existiriam custos e certamente não faltariam candidatos. Outro exemplo era a colocação de Wireless em algumas zonas da cidade e do concelho. Dizem que muitas zonas de Tomar estão mortas, um facto que o Sr. Presidente penso que concorda, logo a colocação de Wireless nalgumas zonas consideradas “mortas” atrairia quer mais munícipes quer mais turistas/visitantes. Ainda mais um exemplo, ao contrário de outros concelhos vizinhos, Tomar não toma a iniciativa de criar actividades que promovam o concelho, que podem ser os mais diversificados, entre eles, passatempos, como poesia, fotografia, entre outros. Se o faz, não o divulga correctamente. Afirmo, isto é como que pequenas gotas de água a menos no Oceano, mas que penso serem muito importantes para um concelho que aposta fortemente no turismo.
Afirma o Sr. Presidente da Câmara que está na câmara há catorze anos. Pois bem. Deve ser um conhecedor das carências de Tomar, deve também acompanhar o progresso de outros concelhos, logo deveria seguir alguns bons exemplos. Nunca deixar envelhecer Tomar, nunca deixar que Tomar seja um concelho ultrapassado, antiquado. Penso que se deveria aliar a cultura e os antepassados de Tomar ao progresso que actualmente sofre mutações velocíssimas.
Concluindo, recordo-vos que durante a minha infância/adolescência Tomar prosperava, respirava-se bem no concelho, era impensável que Tomar chegaria a este estado, como todos vós se devem recordar ainda melhor que eu.
Digo-vos também que na minha opinião o principal problema não está na cor do partido, mas sim na capacidade como Homem, na capacidade de liderança, na capacidade de trabalho em equipa, na capacidade de gestão, e nestes últimos anos, estas capacidades estiveram ausentes de Tomar.
Como tomarense e tendo ainda orgulho de ser, sonho ainda em voltar a ver Tomar na vanguarda do distrito. Adoraria que este meu sonho se realizasse, mas obviamente não depende apenas exclusivamente de mim.
Apesar de tudo, com o mais elevado grau de respeito e consideração por todos vós, dou por concluída esta carta em jeito de desabafo de um tomarense."
Luís Ribeiro